"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim." (Chico Xavier)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

'- A Carta...



Olá,tudo bem?Espero que sim...essa noite,como em tantas outras,eu não consegui dormir direito...tive um sonho com você.Não que você deva ou queira saber,essa não é a minha intenção,mais eu só quero falar,se é que você me permite.
No sonho eu te via sentada,olhando a chuva da janela do seu quarto.Mesmo sabendo que eu estava ali você não olhava pra trás,e muito menos me via,você só sentia minha presença.Enquanto a chuva caía lah fora você derramava muitas lágrimas,sem nem mesmo saber o porquê.
Sim, havia algo errado,e mesmo com toda a vontade que eu tinha de saber o que era eu nem mesmo consegui adivinhar,então,saí pela porta e fui pra casa.Chegando lah,começei a escrever e escrever compulsivamente.Escrevia cartas,poemas e frases que iam saindo de minha mente e se concentrando em um pedaço de papel rasgado de um caderno qualquer.Em cada palavra escrita eu colocava cada vez mais sentimentos meus,coisas que eu sentia ou que já senti algum dia,angústias,momentos...transformei pessoas e gestos em palavras de qualquer vocabulário.
O tempo foi passando e eu ainda pensando.No outro dia acordo bem cedo com a campainha tocando.Levantei rápido,troquei o pijama,desci as escadas com o rosto inchado,o rádio apresentava 10 horas da manhã e a campainha ainda fazia um barulho estridente.Atravessei o resto da casa até chegar o portão.
Eu te olhava assustada,afinal,você nunca tinha feito aquilo antes,aparecer sem avisar.O pior de tudo é que você parecia aflita.
Assim que atravessou o portão me deu um abraço tão forte que eu não pude nem me segurar,perdi o equilibrio durante segundos mas depois voltei ao normal.
Te convidei pra entrar mais você não quis.Estranhei a rua deserta e ficamos ali,sentadas na calçada,encostadas na parede,como se estivessemos esperando alguém passar.
Celular desligado,mp3 na mão,aquela calça de sempre e uma blusa azul,eu nem acreditava que era você realmente.A tanto tempo que eu não te via nem ouvia a sua voz,eu sentia tanta falta daquilo que eu nem fazia nada,só deixava o tempo passar lento...deixava o sol mostrar os seus traços e eu,como sempre,olhava para o nada com o coração desparado,assim como agora escrevendo essa carta.
Nós estavamos ali,lado a lado,você olhando pro chão fazendo com que seus longos cabelos combrissem seu rosto, e eu tentando imaginar os seus pensamentos.Talvez você tivesse se arrependido de ter ido me ver,talvez quizesse voltar pra sua casa ou sei lá.Não quis pensar nisso na hora.
Em dois movimentos você me olhou e esboçou um sorriso,aquele que eu sempre via constantemente, e pegou na minha mão que estava no chão.Ao sentir o calor da sua mão eu me arrepiei,senti o mesmo calor tomando conta de cada parte do meu corpo: mãos,braços,costas,pernas...a única parte que não foi consumida foi o meu peito,que ficou gélido durante todos aqueles segundos.
Ficamos ali naquele mesmo lugar durante horas,não nos movemos nenhum centímetro se quer.Em outro movimento você enconstou sua cabeça no meu ombro e ficou lá alguns minutos.Eu ainda consumida por aquele calor de antes te abraçei e ficamos mais algum tempo ali,sem dizer nada.Eu sabia que você precisava daquilo,de alguma forma você passava por alguma coisa que não era de prache,estava preocupada ou qualquer coisa assim.
Mais um movimento.Você esboçou outro sorriso e veio pra bem perto de mim,fechou os olhos e me deu um beijo demorado no rosto.Como eu senti saudades daqueles lábios..únicos e pra sempre memoráveis.Meu coração tornou a desparar como se fosse parar em algum momento,meu peito gelado anunciava que eu estava sem graça e amando aquilo...
De repente tudo foi ficando escuro e o ambiente foi ficando mais quente a cada segundo,mas você não saiu do meu lado.Continuei no seu abraço sentindo o seu corpo,fechei meus olhos,minhas mãos tocavam seus braços quentes e eu nunca imaginaria que aquilo aconteceria novamente...uma lágrima era despejada do meu rosto...abri os olhos e nada daquilo existia mais.
O que eu via agora era apenas a parede do meu quarto escuro.No quarto,flores em quadros,ursos,objetos pessoais e um guarda roupa faziam enfeite a tudo o que eu tinha.Eu me via olhando aquela parede fria e azul de cor do céu.Me via tbm abraçada ao meu objeto preferido como nunca havia feito antes,em nenhuma outra noite.
Eu também sentia a presença de alguém,alias,a falta de alguém.Olhava fixamente a parede como se algo fosse um enigma,com se algo fosse surgir da mesma e me abraçar, me deixar sem o fôlego que eu já não possuía.Mais isso não aconteceria...mesmo que quisesse muito que aquele momento se tornasse realmente verdade em algum dos outros dias que eu ainda iria viver.

2 comentários:

Aмbзr Ѽ disse...

vc sabe comover com palavras.

Blog Suicide Virgin

Anônimo disse...

"transformei pessoas e gestos em palavras de qualquer vocabulário."

Acho q isso eh tudo o q nos, blogueiros, fzemos, naum eh msm meu anjo?
Nossa... fikei sem respirar enqnto lia, serio msm! Mto bom o texto, comovente, meus parabens!