"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim." (Chico Xavier)

terça-feira, 30 de junho de 2009

'- Reencontro .Parte 3.



Ela de repente começou a olhá-lo com uma expressão estarrecedora.

Da mesma forma que se perguntava por que tremia tanto em sua presença, imaginava quanto tempo havia passado desde a última vez que ela o tinha visto, a vez que ele havia deixado a porta de seu apartamento em prantos jurando que nunca mais estaria ali em hipótese alguma.

Ela se lembrava dos olhos profundos que ele demonstrava e de sua língua que se movimentava vagarosamente ao dizer todas as palavras que ela sempre sonhou ouvir de alguém. Imaginava-se no lugar de outras pessoas que ele pudesse ter conhecido após o fatídico dia em que resolveu tomar outro rumo se desvencilhando dos laços que eles haviam criado em tão pouco tempo. Mesmo após todo aquele tempo longe ela ainda se enganava dizendo a si mesma que não podia vê-lo, mas na verdade não queria se juntar as memórias que a faziam chorar todas as noites gélidas, despertando uma saudade que ela nunca pensara que seria possível sentir, despertando uma vontade de gritar o seu nome, uma vontade mais forte do que suas cordas vocais poderiam agüentar em um gemido. Gemido este que lhe lembrava todas as ocasiões em que ele aqueceu o seu coração e seu corpo durante horas e mais horas despertando algo dentro dela que talvez ela nunca mais sentisse por ninguém. Lembrava dele até quando se sentia sozinha em seu quarto imenso olhando os objetos inanimados que tomavam forma instantaneamente em qualquer ocasião e em qualquer data inesperadamente. Lembrava-se também de todas as vezes em que acordava desperta por algum sonho em que a imagem dele estava envolvida, principalmente aqueles em que suas unhas estavam cravadas na carne macia daquele corpo que ela conhecia mais do que ninguém naquele mundo inteiro.

Ela então voltou a si. Voltou á realidade e ainda se via diante daquele garoto alto e não tão forte. Cabelos negros e longos. Olhos castanhos, braços largos e mãos grandes.

Naquele instante não passava nada em sua cabeça. O que ela realmente queria era atravessar aquele portal feito de madeira morta e levá-lo ao centro de tudo, onde tudo o que eles tinham em comum havia começado, mas ela não se movia. Apenas de olhar aquela gota de água salgada correndo por aquele rosto perfeito, o mesmo rosto que se diminuía a cada segundo, ela ficou paralisada.


Durante alguns minutos ele a tinha visto tão perfeita quanto seus sonhos haviam desenhado. Todos os traços, todos os detalhes, tudo o que ele sempre desejou estava bem à frente dele, porém, a única coisa que ele sabia fazer era chorar. Abaixou a cabeça bem lentamente, se recostou na parede fria e verde daquele corredor vazio e sentou ao chão em prantos ao lado das sacolas cheias e brancas da garota. “O que ele fazia ali, ainda mais naquele estado?” Ele se perguntava a cada segundo que passava como um raio por aquele encontro. “O que ele deveria dizer? O que deveria fazer? Como deveria agir?” Ele não sabia nem o mínimo de cada resposta para as perguntas em sua mente, a única coisa que ele sabia fazer era derramar suas lagrimas naquele chão em que os pés dela se deslocavam todos os dias.

De repente ele sentiu a presença dela se aproximando. Sua respiração era tão nítida quanto o perfume que ela exalava. Sentiu o toque macio das mãos dela subindo desde seu cotovelo até suas mãos encharcadas pelas gotas. Ela então abriu seus braços e se infiltrou no escudo em que ele se mantinha durante minutos anteriores. Ele então levantou sua cabeça a repousou lentamente sobre seus ombros com soluços estonteantes e depressivos, ainda com os olhos fechados. Aquele momento era tudo o que ele sonhava desde quando saiu por aquele corredor à quase 12 meses atrás. O momento era tão único e prazeroso que era como se ele nunca tivesse se distanciado dela,como se sentisse o corpo e o calor dela todo este tempo o acompanhando por onde ele fosse. Durante alguns minutos os dois ficaram ali, grudados, como na primeira vez que se tocaram. Ele sentia o coração dela bater tão forte em seu peito que parecia que os dois corações haviam se transformado em um só.

Aos poucos os braços dela iam se distanciando de suas costas quentes e iam tomando conta de seu peito reto. Seus braços estavam ainda em torno das costas dela, ele não queria se desfazer daquilo, e ainda chorava. Ele então sentiu a mão direita dela tocar em seus cabelos lentamente. Nem sequer por um segundo ele se atreveu a abrir seus olhos, queria que tudo aquilo nunca acabasse. Retirou seu peso que ainda estava sobre o ombro dela e os dois ficaram frente a frente, ele, mesmo com os olhos fechados, a via em toda sua beleza total.

Durante algum tempo ela se sentiu viva novamente. Sentiu que aquele era o seu momento. Seus lábios estavam de encontro com os dele e dentro de seu corpo ela sentia um turbilhão de sensações. Suas mãos passeavam entre seus cabelos e ela sentia que era aquilo ou nunca mais. Com seus olhos fechados ela podia até pensar que estava dentro de um buraco negro de sensações estonteantes, as mesmas que sentira em um momento anterior, e ainda se lembrava, a mais ou menos 11 meses atrás.


Durante minutos ela ficou ali, parada, até que em algum momento ela não conseguia sentir mais nada. Não conseguia nem sequer abrir os olhos. Em segundos começou enfim a sentir um peso dentro de seu coração como se algo o tivesse flechado. Barulhos enormes se infiltravam por seus ouvidos, vinham de algum lugar que ela não sabia de onde.

sábado, 27 de junho de 2009

'- Reencontro .Parte 2.


Como dois canhões as mesmas sacolas fizeram um barulho ao tocarem o chão oco do elevador já velho de tantos anos. “Ele continua o mesmo”, pensava sem parar. Seus olhos, ao contrario dos dele, caminhavam como duas aves voando ao redor de todas as linhas delineadas na face dele, parecia uma cena de filme, realmente. Então o pior que ela poderia imaginar aconteceu: dos olhos brilhantes e negros daquele rapaz, uma lágrima se pôs a rolar aflita e silenciosa como ela nunca havia visto.


De repente o elevador fez aquele barulho já conhecido anunciando que a porta se fecharia. Em movimentos lentos as portas foram se estreitando e os dois ainda se encaravam como dois estranhos. Estava quase terminada a seqüência de separação entre os dois quando ele se pôs em um único movimento parando a porta para que a luz não deixasse de revelar aquele rosto que ele tanto esperava ver frente a frente.
Em outro movimento com o outro braço e a perna direita, se deslocou para dentro do elevador fazendo com que ela recuasse e recostasse na parede. Ele sabia que ela estava pensando o pior, então antes de qualquer movimento brusco se colocou de joelhos e recolheu as sacolas sem deixar de fita-la nem por um segundo. Não havia nenhum diálogo, apenas movimentos. Ele, rápido como sempre era, colocou as sacolas cheias do lado de fora, bem á porta do apartamento e recostou-se na parede olhando os movimentos dela que se revelava para fora do cubículo metálico. Em todas as palavras descrentes e óbvias: ele fora rendido. Nunca havia pensado em se ver naquela situação. O corredor vazio ecoava o barulho dos saltos brancos listrados que ela estava vestindo. “Lindos e combinam com você.” ele disse, ou melhor, gostaria de ter dito. “Obrigada.” ele a imaginava, com aquela voz doce respondendo ao chamado dele. Ela também não havia mudado em nada. Seu corte de cabelo estava renovado: sim, ele percebera. Ela estava mais alta, talvez pelo salto, não se sabe ao certo, ou então pelo único fato de ela ser agora outra pessoa, de aparência um pouco mais madura, com outras responsabilidades que a forçavam ser daquele jeito, mais isso não o incomodava, definitivamente não, pelo contrario, ele aprovava. Aprovava e se apavorava. De repente tudo vinha á tona novamente, seu peito doía como nunca mais havia sentido, a última vez ele se lembrava muito bem como havia sido, ele ali, afogado em lágrimas vendo-a partir dentro do ultimo partido da noite. Desde então o mesmo partido, a mesma hora e o mesmo itinerário lhe trazia sempre alguma lembrança tola que ele não conseguia conter. Lembrando ainda dos momentos, chegava a sentir culpa das ocasiões que citava o nome dela nas conversas com amigos..não,não culpa por arrependimento,e sim culpa por não ter coragem de parar de falar nela, tomar coragem para que todas as lembranças fossem extintas...mas no fundo no fundo ele sabia que ainda as queria vivas e ardentes, ardentes como todos os momentos e beijos que eles compartilharam ao longo de todo o tempo, ardente como ele se encontrava agora, ardendo em chamas por dentro apenas por desejar tocá-la, poderia ser um beijo daqueles ( que ele sabia que nunca mais se repetiria) ou então um abraço mesmo que falso. Então, toda a coragem que ele desejava ter estava explícita naquele exato momento, naquele encontro, naquela cena. Só de estar ali, ao lado dela, mesmo que sem imaginar como aconteceria já era uma grande demonstração de coragem. Mais ele desejava ter mais, mais coragem para questionar os sentimentos daquela garota tão fervorosa e viva. Daquela que por muito tempo fora sua. Daquela que por fins compartilhou mentiras e verdades dignas de esporádicas atitudes banais que ele não teve a mesma coragem de fazer verdades naquele tempo... e ele ainda desejava ter se arrependido por tudo isso. Desejava questionar se às vezes ela desejava vê-lo, se desejava tornar toda aquela dor que ele esperava que ela também sentisse inexistente, queria questionar o que havia restado dentro dela de todos os momentos ciumentos que eles haviam criado em seus subconscientes durante muito tempo, queria questionar de toda a vida que pela parte dele era repleta de momentos como os de todos os casais normais, mais além de tudo isso desejava questionar a si mesmo o porquê de todas essas lembranças que embaralhavam sua mente em todas as conversas, sonhos, desejos e pesadelos.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

'- Reencontro .Parte 1.




O encontro de corpos era inevitável. Ele a sentia tão próxima, ao alcance de menos de um centímetro da sua aura, e ele pensava em se arrepender de ter ido até a porta e em um súbito virar as costas e voltar. Pensava em tirar da cabeça a música que o fazia lembrar todas as ocasiões.Em desistir de pensar em tê-la de volta.Em tentar parar de sentir o coração dela batendo dentro dele a toda hora.Pensava em tanta coisa mais só conseguia ter uma única ação: olhar as pérolas na face de sua amada.

Ele paralisou; congelou. Não sabia se aquilo era um sonho, depois de tanto tempo adormecido. A única coisa que ele sabia é que a desejava. Desejava tanto que todas as noites eram curtas pra ele, o sol nascia devagar e a lua tomava conta sempre das suas manhãs e noites.

Ele não compreendia ao certo. Não sabia qual o propósito de ter acontecido aquilo ali, logo ali, onde ele jurou que nunca mais colocaria os pés lisos e cansados das cavalgadas diurnas e noturnas.

Tremia. Gaguejava, alias, nem um único som sequer foi despejado pela sua língua afiada que fora afetada por desejos insolentes a tanto tempo.

Em segundos toda uma trajetória lhe passou pelos olhos: o chuveiro nas noites frias, as lágrimas, as paisagens nas tardes de Outono, as lágrimas, os caminhos percorridos, as risadas, as lágrimas, os abraços nas noites quentes, a cama, as lágrimas, as músicas, os diversos pensamentos, as lágrimas.

Pensando bem era tudo questão de tempo até que ele percebesse a realidade do que estava fazendo e saísse correndo em direção ao nada, ou então a abraçaria, ou até mesmo se ajoelharia.Mas de primeiro momento o que ocorreu foi uma lágrima.

Ele estava perdido, completamente perdido em si mesmo...

Ela não queria vê-lo, já havia dito milhões de vezes, sussurrava. Estava pasma, depois de 11 meses, 27 dias, 2 horas,33 minutos e 59 segundos contados em seu cronômetro pessoal sua sacola havia desabado após o choque.Ela o observava a 90 graus, do outro lado da avenida. De súbito também se assustou, pensou em correr, mas não, ela não podia...então em milésimos se viu plantada atrás da árvore Laranjeira.

Do que estava com medo?Porque se escondia?Tremia, respirava ofegante, “Do que se tratava?”.“Eu não sei” respondeu a si mesma pálida como uma gota de orvalho.

De repente o viu seguindo.De passos em passos ele chegava até o final da denominada Rua Vitória.Ela resolveu então partir, correr antes de encontrá-lo, mas as circunstâncias não eram tão favoráveis assim...ele voltava, ofegante com seus braços em movimento.

Em pensamentos ela achava que ele não estava ali por ela, mas sim pelo amigo que morava lá, que infelizmente era seu vizinho de 3° andar. O viu entrar pela guarita e desaparecer em meio aos corredores do conjunto. “Essa é minha chance”.

Ainda trêmula tentava se equilibrar com as sacolas. Não tão tranqüila, foi pela rua até a porta do prédio. Com um sorriso falso cumprimentou o cúmplice diário e seguiu sem nenhuma reação.

O elevador parou, tentara subir pela escada mais o desequilíbrio não facilitava em nada, mesmo que fossem apenas três andares e sua casa fosse à frente ao elevador. De cabeça baixa ela rezava para que ele buscasse outro caminho, “pular a janela não seria uma má idéia”, ela pensava lembrando-se do sorriso doce do nobre rapaz, de todas as brincadeiras e momentos felizes que ela já pensava ter esquecido, e no mesmo momento se pôs a fitar seus próprios pés pequenos como se estivesse flutuando... novamente.

A porta se abriu. Ela, ainda rezando em pensamento, levantou a cabeça num flash e lá estava ele, de cara para o elevador que a trazia tão depressa!

terça-feira, 23 de junho de 2009

'- Controvérsias


E com um último suspiro tudo ficou mais silencioso do que de costume.Diante de algum tempo uma alma ficou perdida entre chamas,das quais não poderia mais escapar,enquanto a outra se afogava em meio as suas próprias lamentações.Assim como o céu e a terra,duas almas e dois mundos que se encontravam naquele momento perdidos em uma caixa,estavam completamente divididos e sem destino.
Diante do muro que as dividia,se encontravam apenas roupas e sapatos jogados pelo ambiente,lençóis brancos e bagunçados sobre a cama e os vestígios do que talvez tenha cido não menos do que outra aventura qualquer.
Dentro da cabeça dela,um turbilhão de palavras se destinava a lugar algum,porém o que ela realmente desejava era que todas as mesmas palavras saíssem sem controle por sua língua ríspida e chegassem até os ouvidos dele,que por sua vez,apenas ouviria atento e sem nenhuma outra reação maior.Entretanto,dentro da cabeça dele,haviam sentimentos não superados,angústias nao resolvidas e sensações que ele não poderia controlar por muito tempo;talvez por saber que tudo o que ele vivera até ali não faria sentido algum em algum momento de sua vida.
Ele então a abraçou.Por muitos instantes sentiu o corpo,a pele ainda morna e os batimentos da garota ferindo seu peito insistentemente.Calado,a cada segundo ele desejava que o tempo derramasse lágrimas sobre aquele momento para que nunca mais os dois corpos se separassem,para que como tempo os dois corpos se misturassem e tornassem apenas um.Ela então o apertou forte.Sentia que ele precisava daquilo naquele momento,precisava de um contato não tão corporal quanto o que eles haviam acabado de proferir,mas sim sentimental,algo que criasse laços sobre suas vidas e almas tão distintas.
Após um longo tempo seus corpos se separaram molhados e a distancia que havia entre eles foi preechida com um aperto de mão delicado e um olhar profundo de ambas as partes.Um olhar que em ambos despertava um desejo de descoberta sobre as diferentes histórias das duas vidas,todos os seus sofrimentos e alegrias,lágrimas e sorrisos declarados insanamente ou até mesmo por vibrações interiores.
Ela,sem dizer uma palavra sobre a cena,num súbito abaixou a cabeça,deixando seus cabelos lisos e negros lhe cobrirem os olhos que esbanjavam uma felicidade infinita.Ao levantar,o encontrou ainda fitando sua face na mesma posição anterior,porém com uma lágrima que brotava de seus olhos cor de amêndoas que sempre a fascinaram.
Ele,que se encontrava paralisado com tanta beleza e delicadeza da garota,já havia percebido que ela o encarava sem nenhum pudor,então,resolveu declarar seus pensamentos.
Ela,completamente calada,ouvia sem nenhum gesto a tudo o que ele lhe dizia,e era realmente o que ela gostaria de fazer momentos antes.O aperto de mão foi ficando mais forte,as lagrimas se tornaram mais contantes naquele rosto que fora barbeado tão delicadamente e ele perdia a cabeça dizendo tudo o que havia para dizer.
De repente ela se via presa em uma teia feita daquilo que ela mesmo havia criado tempos atrás.Não sabia o que fazer muito menos o que dizer,e nesse momento só lhe passava pela cabeça que se talvez ela tivesse tido a mesma iniciativa a reação dele talvez seria a mesma,então,ela sorriu singelamente e lhe disse com outro forte abraço e um suspiro de alívio "Está tudo bem,eu estou aqui com você.".
Depois daquele gesto ele se sentia ainda mais perto dela,e com aquele último abraço banhado ao sol daquela manhã sabia que agora eles eram apenas um.
Uma única alma.Uma única pessoa.Uma única esperança.Uma única história.Um único presente cujo o tempo jamais deixaria se desfazer.
Mais uma vez eles se entregaram a um momento dentre os lençóis já tão bagunçados,mas eles não se imortavam,seria o momento que pertenceria a eles por muitos outros instantes daquele dia.Dentro daquela caixa com umaúnica janela com cortinas tão brancas como os lençóis,ninguém nunca saberia o que havia ocorrido entre aquelas duas pessoas tão diferentes.O tempo passaria e aqueles beijos ofegantes,os sussurros silenciosos e as roupas espalhadas ficariam apenas nas lembranças daquelas duas almas puramente corrompidas que jamais se separariam,mesmo tendo vidas,histórias e desejos tão diferentes.

sábado, 20 de junho de 2009

'- Tentativas

Bem meus caros e minhas caras rs,após ter ficado um tempo longe deste palco,agora eu volto com mais palavras xDD...não vou me prolongar muito pq a minha vontade de escrever é bem mais forte do que a de esperar então vamos á elas..desfrutem =].




.12h:42m.

Eu queria ficar ali,só.Ali parada,olhando o nada.Olhando as sombras negras.Negras e transparentes.Olhando elas se moverem pelo caminho vermelho que se estendia diante delas.
Eu queria esperar.Esperar uma sombra de luz iluminar aquele caminho tão obscuro;embora tão cheio de uma única e errante cor.
Ao mesmo tempo que meus olhos se concentravam nos vestigios do que era para ser um dia ensolarado,minha mente estava ali bem próxima,em um lugar coberto...não tão seguro pra mim, porém estava lá.
Mesmo estando estagnada eu viajava.Viajava dentre lembranças,atos,datas,dias,palavras,gestos...simplesmente viajava.Viajava entre tudo o que eu julgava no mínimo importante para que eu enlouquecesse a cada dia,para que eu entregasse.
Aquele teto perigoso era o que eu mais temia,mesmo com meu corpo ainda ali,com movimentos curtos diante de um papel.
Todas aquelas luzes,aquela cor que não era mais única,os movimentos impessoais e imparciais confundiam ainda mais a minha mente.
Diante de meus olhos o túnel já tinha se corrompido mais de 5 vezes despejando luzes amarelas em meus olhos cansados,a hora passava e eu não me importava embora devesse,e muito.Seria mais um dia que eu desintegraria minhas prioridades no tempo,embora também não o devesse fazer.
Em frente a mim um enorme vazio completava a cena...o banco do local havia se tranformado numa cabine de confissões que eu me lembraria para todo o sempre..."tudo havia voltado ao seu lugar" e eu nunca pensaria que demoraria tanto tempo.De repente minhas mãos já estavam manchadas de palavras e meus olhos mais cansados e repletos de tinta e água salgada...a mesma que não se manifestava mais em frente ao nada que me rodeava.
Meus pés queriam se mover para aquele tal lugar que eu abominava,porém minha mente bloqueava todos os movimentos que julgava completamente insanos: nada que eu realmente desejasse seria feito.Mas será que aquilo estava realmente correto?Até porque,as vontades humanas não deveriam ser respeitadas até o seu limite?Mesmo com este pensamento eu ainda não faria nada,embora o ritmo dos meus batimentos me dessem a resposta oposta em um ritmo mais que acelerado;acelerado como nas manhãs em que minha mente me enganava ao perceber que eu acordava ofegante.
O tempo já havia passado novamente e nada que eu fizesse me movia daquele espaço mínimo.Enquanto isso,meu corpo estava frio,um pouco mais frio do que a temperatura do lado de fora de meu antro corporal.Dentro de mim haviam diversos sentimentos,cujos mesmos se embaralhavam com o tempo que eu havia gasto ali..e que eu havia decidido não mais perder.
Fora daquele lugar minúsculo eu via vidas.Vidas que talvez como a minha estivessem cido desperdiçadas,ou não.
Eu já havia tomado tantas decisões,porém nenhuma me afetara do modo que tinha de ser realmente.Eu tinha me tocado,finalmente havia chegado a conclusão final do que a música queria tanto me dizer durante tanto tempo,durante toda a minha vida.Eu me perguntava:Onde eu estava realmente?O que eu havia feito com o meu eu?Minha coragem,minha destreza,minha confiança?Toda aquela vontade intima de correr riscos?Do lado de fora,como todas as outras imagens que passavam como um flash,o meu verdadeiro objetivo se foi com o vento novamente,porém eu gostaria de estar lá.Estar lá,porém não no mesmo lugar,mas no lugar onde eu havia deixado todos os meus sonhos,meus anseios...queria estar no lugar que não seria seguro...queria estar onde o fantasma que eu tanto desejava encontrar e destruir estava solto sem nenhum pudor,queria estar junto de mim mesma..junto do meu eu.

.15h:47m.