"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim." (Chico Xavier)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

'- Reencontro .Parte 1.




O encontro de corpos era inevitável. Ele a sentia tão próxima, ao alcance de menos de um centímetro da sua aura, e ele pensava em se arrepender de ter ido até a porta e em um súbito virar as costas e voltar. Pensava em tirar da cabeça a música que o fazia lembrar todas as ocasiões.Em desistir de pensar em tê-la de volta.Em tentar parar de sentir o coração dela batendo dentro dele a toda hora.Pensava em tanta coisa mais só conseguia ter uma única ação: olhar as pérolas na face de sua amada.

Ele paralisou; congelou. Não sabia se aquilo era um sonho, depois de tanto tempo adormecido. A única coisa que ele sabia é que a desejava. Desejava tanto que todas as noites eram curtas pra ele, o sol nascia devagar e a lua tomava conta sempre das suas manhãs e noites.

Ele não compreendia ao certo. Não sabia qual o propósito de ter acontecido aquilo ali, logo ali, onde ele jurou que nunca mais colocaria os pés lisos e cansados das cavalgadas diurnas e noturnas.

Tremia. Gaguejava, alias, nem um único som sequer foi despejado pela sua língua afiada que fora afetada por desejos insolentes a tanto tempo.

Em segundos toda uma trajetória lhe passou pelos olhos: o chuveiro nas noites frias, as lágrimas, as paisagens nas tardes de Outono, as lágrimas, os caminhos percorridos, as risadas, as lágrimas, os abraços nas noites quentes, a cama, as lágrimas, as músicas, os diversos pensamentos, as lágrimas.

Pensando bem era tudo questão de tempo até que ele percebesse a realidade do que estava fazendo e saísse correndo em direção ao nada, ou então a abraçaria, ou até mesmo se ajoelharia.Mas de primeiro momento o que ocorreu foi uma lágrima.

Ele estava perdido, completamente perdido em si mesmo...

Ela não queria vê-lo, já havia dito milhões de vezes, sussurrava. Estava pasma, depois de 11 meses, 27 dias, 2 horas,33 minutos e 59 segundos contados em seu cronômetro pessoal sua sacola havia desabado após o choque.Ela o observava a 90 graus, do outro lado da avenida. De súbito também se assustou, pensou em correr, mas não, ela não podia...então em milésimos se viu plantada atrás da árvore Laranjeira.

Do que estava com medo?Porque se escondia?Tremia, respirava ofegante, “Do que se tratava?”.“Eu não sei” respondeu a si mesma pálida como uma gota de orvalho.

De repente o viu seguindo.De passos em passos ele chegava até o final da denominada Rua Vitória.Ela resolveu então partir, correr antes de encontrá-lo, mas as circunstâncias não eram tão favoráveis assim...ele voltava, ofegante com seus braços em movimento.

Em pensamentos ela achava que ele não estava ali por ela, mas sim pelo amigo que morava lá, que infelizmente era seu vizinho de 3° andar. O viu entrar pela guarita e desaparecer em meio aos corredores do conjunto. “Essa é minha chance”.

Ainda trêmula tentava se equilibrar com as sacolas. Não tão tranqüila, foi pela rua até a porta do prédio. Com um sorriso falso cumprimentou o cúmplice diário e seguiu sem nenhuma reação.

O elevador parou, tentara subir pela escada mais o desequilíbrio não facilitava em nada, mesmo que fossem apenas três andares e sua casa fosse à frente ao elevador. De cabeça baixa ela rezava para que ele buscasse outro caminho, “pular a janela não seria uma má idéia”, ela pensava lembrando-se do sorriso doce do nobre rapaz, de todas as brincadeiras e momentos felizes que ela já pensava ter esquecido, e no mesmo momento se pôs a fitar seus próprios pés pequenos como se estivesse flutuando... novamente.

A porta se abriu. Ela, ainda rezando em pensamento, levantou a cabeça num flash e lá estava ele, de cara para o elevador que a trazia tão depressa!

Nenhum comentário: